Desde que comecei a me sentir diferente e achar que era gay, comecei a prestar atenção a tudo que se relacionava ao assunto: reportagens em revistas, televisão, pessoas, programas, etc. Sempre ouvi que é muito difícil se aceitar e se assumir.

Esse realmente é um processo, as vezes longo, as vezes curto, que varia de pessoa para pessoa, e, alguns, como no meu caso, não assumem nunca. É bem verdade, que não sou declarado, mas já aceitei e assumi para mim mesmo que sou gay.

Tive minhas namoradas, e até morei junto com uma mulher, mas decidi que vou ser sincero comigo e não vou mais fazer ninguém infeliz. Então, assumi que não tenho tesão por mulher e não tenho mais buscado namoradas.

Mas, esse processo é muito difícil. A primeira vez que ouvi do meu psicólogo, que mais cedo ou mais tarde, eu iria aceitar e assumir, quase bati nele. Eu tremia em cada sessão, só de tocar no assunto.

Antes de iniciar minha terapia, eu achava que a primeira sessão ia ser uma choradeira só. E, por incrível que pareça, eu não chorei. Mas tremi feito vara verde. Entrar em contato com esse assunto me fazia sofrer muito.

Passei noites e noites acordado, orando a Deus, pedindo que Ele não me deixasse ser gay.

E buscava, de todas as formas, não pensar nisso. Quando sentia desejo pelos garotos, rapidamente, tentava buscar a imagem de uma menina, para sentir a mesma coisa, mas, não sentia.

Nessa época, eu comparava o sentimento de desejo por homem à adicção. Eu achava que a dependência química tinha tudo a ver com o homossexualismo, porque eu não tinha controle do que eu desejava, ou seja, não tinha controle sobre o uso da substância.

Da mesma maneira, há um processo de negação do ser homossexual. E a racionalização, também, só que a droga é o sentir desejo pelo mesmo sexo.

Muito tempo depois, eu percebi que esse processo de negação acontece em todos os casos. Em todas as minhas conversas em sala de bate papo gay eu vejo a mesma opinião: ninguém quer ser homossexual, mas se rendem, porque não conseguem lutar contra isso.

Não é possível lutar contra a sua própria natureza.

Resolvi escrever sobre isso, porque hoje, sem planejamento algum, acabei indo acompanhar um amigo a uma reunião de Narcóticos Anônimos (NA). Eu já participei de reuniões de Alcoólicos Anônimos (AA), mas nunca tinha participado de nenhuma do NA. A filosofia é a mesma, adaptada da metodologia criada por Billy e Bob. Existe um filme que retrata a história do AA, muito interessante, mas como já disse em outro post, eu tenho uma dificuldade enorme em decorar nomes.

E a principal estratégia utilizada nesses grupos de ajuda mútua é a aceitação do problema através da troca de experiências de pessoas que passam pelo problema.

É o falar, do lugar de quem vive o problema, que ajuda o outro a se aceitar adicto, e a buscar ajuda.

Seria ótimo, se na igreja, nós todos falássemos desse lugar, de pecador, para pecador. Quem sabe seríamos mais tolerantes com os erros dos outros, e não tentaríamos encobrir os nossos, vivendo numa fantasia de falsa perfeição!

É essa força, que ajuda o outro a se aceitar. Não é dizendo para quem tem problema, que ele precisa se livrar disso, que vai ajudar. Agora, quando eu digo: eu compreendo o que você passa, porque eu passo pela mesma situação, tudo muda de figura.

Puxa, como quis falar isso para os meus líderes na igreja, mas nunca pude, porque não queria me expor e nem ser expulso da igreja!

Enfim, estou dizendo isso agora, num blog, público, para quem quiser ler.

É duro, mas a negação faz parteda aceitação.

É isso aí, pessoal, quem estiver curtindo o blog, por favor divulgue, curta, comente. Serão todos muito bem vindos.

Uma boa semana a todos!