Olá pessoal,

Andei bastante ausente do blog! Faz mas de um ano!!

Muito trabalho, poucas ideias e a sensação de que estaria torando isso aqui um muro de lamentações. Meu objetivo não é tornar o assunto mais pesado do que ele já é. Por outro lado, ficar pensando um tema para escrever, me faz ter essa ideia. Mas, fiquei muito surpreso, quando vi, depois de um ano, a quantidade de comentários que tive ao longo desse tempo em que fiquei ausente. E, mais que a quantidade, me surpreendi com o número de pessoas vivendo histórias semelhantes à minha. Fiquei pensando no quanto o blog pode contribuir para ajudar as pessoas. Me assustei. Não sou exemplo para ninguém. Não quero essa responsabilidade. Mas, de alguma forma, isso me deu vontade de escrever de novo. E… dessa vez, quero compartilhar o momento em que meus pais souberam que sou gay.

Em todo o meu processo de auto aceitação, o meu maior medo era que eles descobrissem. Me escondi e vivi me isolando por medo de que sofressem, de que me expulsassem de casa, me excluíssem de seu convívio. O simples pensar na possibilidade de vê-los sofrer por minha causa, já me deixava muito mal, emocionalmente.

Mas, Deus sabe a hora certa e o jeito certo. E assim foi.

Já estava maduro o suficiente para aguentar as possíveis consequências, e, obviamente, Ele sabe disso. De fato, já vivo longe deles há 15 anos. Saí de casa para construir minha carreira e minha vida. O motivo maior, obviamente, foi a busca por ser independente, para me prevenir, caso me mandassem embora. Mas, acabou que me isolei, me ausentei, e… já estava sozinho há muito tempo. Mesmo que eles não soubessem, eu já estava agindo como se soubessem e o pior, como se já tivessem me expulsado de casa. Mas, Deus é maravilhoso e fez tudo tão inusitado, e a reação deles tão diferente do que imaginei, que, se soubesse antes, eu teria contado há mais tempo.

Mas, bem, vamos ao que interessa. No carnaval de 2014, decidi viajar com meus pais. Em dado momento, minha mãe me joga essa frase: “Mãe conhece filho. Tem coisas sobre os filhos, que o filho nem precisa contar, que a mãe já sabe”. E eu pensei comigo… “Fodeu… ela já sabe de tudo”! Mas, eu não estava a fim de encarar essa e deixei passar.

O tempo passou e meses depois ela me mandou umas mensagens pelo whatsapp em um domingo cedo, pela manhã: “Meu filho… Há muito tempo que eu quero conversar com você, mas não sabia como abordar”. Ao ler essa mensagem, meu coração apertou e veio à boca! Ela continuava escrevendo….

Dizia: “Desculpe falar pelo whatsapp. Esse não é o tipo de conversa para se falar por mensagem, mas não sei como falar e escrever pode ajudar”. E contou uma série de fatos, que alguém tinha contado para ela, com exemplos de situações que eu realmente tinha vivido. Não vem ao caso quem contou e o porquê. São histórias familiares, que não vão contribuir para o relato.

Depois que ela terminou de contar, eu fiquei em silêncio. A ficha não tinha caído. Estava apavorado. Não sabia como agir. Minha cabeça girava. Pensava rápido e não sabia o que responder. Comecei a chorar. O grande dia chegou. Agora, ela sabia. E agora? O que falar? O que dizer? Negar? Assumir?

Ela, então, perguntou: “Você não vai dizer nada?” E eu respirei fundo e disse. “Mãe, você quer que eu diga o que? Você tem fatos, histórias, desconfianças, e tudo mais. O que quer que eu diga? Sim? Quer ouvir de mim? Ok, se é isso que você precisa, sim, eu sou gay!”

Chorava muito! Graças a Deus, tudo isso aconteceu, por mensagem! Ela me disse: “Filho, eu te amo! Eu nunca vou deixar de te amar! É lógico que nenhuma mãe planeja ter um filho gay. Eu não entendo, mas, te aceito como você é!”

Eu chorei demais, agradeci a ela, pelas palavras. Conversamos bastante e hoje, me sinto livre. Respiro melhor e vivo mais tranquilo. O mundo não pesa mais em minhas costas. A sensação de ser eu mesmo é indescritível.

Agora, eu não me escondo mais. Não levanto bandeira, nem fico falando para os 4 ventos que sou gay. Mas, me sinto mais livre para viver minha sexualidade. Agora, eu posso ser eu mesmo, sem máscaras. Sem me esconder, sem medo.

Sempre ouvi, que assumir era a coisa melhor que eu poderia fazer, e sempre neguei, porque sempre achei que ninguém me aceitaria. Na verdade, eu não me aceitava, e transferia isso para os outros.

É como eu disse; não quero ser exemplo para ninguém. Cada um sabe das suas dificuldades. Aqui é meu espaço para compartilhar minhas experiências. Espero que você que está lendo esse texto, construa a sua própria experiência e que você seja feliz!

Um abraço,

Jr.